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Deep Fakes: você sabe o que significa?

‘Deep fakes’ é a expressão usada para designar a nova geração de “fake news” que está crescendo com velocidade a jato na internet

Victor Ribeiro

Desde os aplicativos de celular tipo Snapchat, onde é possível mudar os rostos das pessoas, até os magos da inteligência artificial, o que mais se vê atualmente são memes com recursos de deep fakes viralizando nas redes sociais.

E que recursos são esses?

Trata-se do uso de ferramentas digitais (softwares e aplicativos) capazes de simular ações humanas, em vídeos, áudios e fotos, que na verdade não aconteceram. E com cada vez mais perfeição. Em alguns casos recriam vozes de pessoas com uma semelhança bizarra. Difícil de confirmar se é autêntica ou fake. Sendo muitas vezes necessário usar programas de biometria de voz.

Se você se perguntou: como assim? Veja o exemplo cômico do vídeo abaixo. Nele o jornalista Brunno Sarttori inseriu o rosto do presidente Bolsonaro na cabeça do personagem Chapolim Colorado, mandando um salve pros Novaiorquines. Já é um clássico dos novos tempos!

O que parece uma brincadeira para viralizar na internet, esconde por trás uma combinação de softwares para criar um sistema de simulação de movimento e sincronia labial, com um banco de dados que é alimentado com milhares de imagens-fonte, que podem ser usadas para recriar o rosto de uma pessoa falando algo que ela não disse, por exemplo. Criando a partir de uma base de imagens, um “aprendizado de máquina” que permite ao software desenvolver uma inteligência artificial e gerar comportamentos diversos para essas imagens. Como o próprio Brunno explica nesse vídeo abaixo.

E através da sobreposição de imagens e vídeos, o resultado é cada vez mais perfeito, levando em consideração variações de sincronia de lábios, luminosidade, recorte, embaçamento e som. Os vídeos de deep fake que circulam nas redes atualmente dão pistas do enorme desafio que está pela frente no campo da informação.

O engraçado do meme pode virar uma tensão ou embaraço político, como neste caso envolvendo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em que viralizou um vídeo onde ele chamava Donald Trump de “merda”. 

Situações como essa tem levantado a discussão sobre os riscos que manipulações de imagens podem gerar no contexto sócio-político dos países. Quais os instrumentos reguladores dessas ferramentas, usos ou distribuições? Qual a responsabilidade das empresas de comunicação e social media, que ‘permitem’ que esses conteúdos sejam disseminados em seus canais?

Diversos países pelo mundo adotaram leis de combate às fake news, com o objetivo de inibir sua prática através da criminalização. Ao que algumas organizações destacam que essas leis podem também abarcar pontos que acabam por representar riscos à liberdade de imprensa.

Na Malásia por exemplo, uma pessoa pode pegar 6 anos de prisão e pagar U$ 130 mil dólares por produzir ou disseminar “fake news”.

Em junho de 2018 no Brasil cerca de 35 partidos políticos assinaram um termo de combate às fake news nas eleições com o TSE. Porém o que se viu na prática foi o uso cada vez mais irrestrito de informações falsas circulando nas redes sociais. Algumas até alçando à imprensa televisa comercial.

Infocalipse e a sociedade em ruínas

Calma, nem tudo está perdido! É real porém, que alguns especialistas falam em “infocalipse”. Uma era em que a informação é tão distópica e destrutiva que já não é possível contra ela. 

Este conceito foi criado por Aviv Ovadya, membro do Centro de Responsabilidade para Mídias Sociais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.

Em entrevista para APública no ano passado, Ovadya disse: “Você pode pensar na ideia como se, à medida que a qualidade das informações num geral diminui, a inteligência de todos os membros da sociedade e de todas as diferentes organizações que a tornam funcional, no geral, diminui, e, se você vai muito fundo nisso, sua sociedade basicamente desmorona.”

Ao mesmo tempo, organizações e pessoas se articulam para melhorar a capacidade de verificação de informação e acompanhar os avanços da A.I. e antecipar seus riscos para a sociedade como um todo.

Aviv Ovadya referência no debate sobre Deep Fakes

Aviv Ovadya referência no debate sobre Deep Fakes

DeepFakes – Prepare-se

Uma iniciativa interessante para saber mais sobre #DeepFakes #Verificação #Riscos #Ferramentas e demais detalhes envolvendo esse universo, será no debate realizado pela WITNESS em São Paulo no dia 25 de julho, na Biblioteca Mario de Andrade.

Estarão presentes pesquisadores, jornalistas, advogados, comunicadores e defensores de direitos a fim de discutir sobre as vulnerabilidades e oportunidades que se colocam na missão cada vez mais desafiadora de lutar contra a desinformação.

Um dos participantes é Sam Gregory, diretor da WITNESS e coordenador do programa de pesquisa em Deep Fakes da organização, que tem o foco de trabalho voltado para compreender e disseminar capacidades de lidar com o avanço da desinformação e a necessidade de qualificação dos processos de verificação de imagens.

Veja o evento na nossa página do Facebook e saiba como participar.

1 – Arquivo de blog da WITNESS sobre #DeepFakes

2 – Verbete DeepFakes no Wikipedia

3 – Veja nossa página de tutoriais em português e saiba como verificar imagens @DeepFakes