Witness Brasil

29 abr Acampamento Terra Livre: jovens indígenas utilizam a comunicação como ferramenta de luta

Com internet, câmera ou celular, grupos se organizam para fazer a cobertura colaborativa do evento, denunciar abusos e reivindicar seus direitos   O ATL (Acampamento Terra Livre) chegou ao fim no dia 14 de abril, após 10 dias de atividades em Brasília. Segundo dados da Apib (Articulação dos Povos Indígenas), a maior mobilização indígena do Brasil reuniu 8 mil lideranças de 200 povos indígenas de todas as regiões do país. Este ano, o tema foi “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”. Em protestos em defesa da demarcação de seus territórios e contra a agenda anti-indígena do atual governo, os grupos realizaram marchas, plenárias e compartilharam suas vivências. Na cobertura da mobilização, muitos jovens estavam presentes portando celulares, câmeras e microfones para produzir e disseminar informações. Para Isabella Kariri, estudante de Ciência Política que trabalhou na cobertura do ATL, o evento contribui para que os diversos Povos Indígenas se unam e denunciem o que está acontecendo nos diferentes territórios e também nas cidades.  “Acho importante esse levante dos indígenas como comunicadores, porque precisamos mostrar a nossa perspectiva da história e não mais o branco contando pela gente o que nós vivenciamos, o que nós passamos”, afirma.  Erisvan Guajajara, coordenador da Mídia Índia, explica que a comunicação colaborativa do ATL é dividida entre fotógrafos, editores de vídeo, designers e assessoria de imprensa que se falam e se organizam durante todos os dias do acampamento. “A gente está vivendo um momento de muitos retrocessos. Hoje os comunicadores que estão aqui presentes, tanto os indígenas quanto os não indígenas, vêm usando

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15 fev Manifesto Against Xenophobic Racism

“In a racist society, it is not enough to be non-racist, we must be anti-racist.” – Angela Davis The immigrant communities in Brazil and the Black movements in São Paulo publicly express their repudiation against the advance of barbarism and xenoracism, expressed in the murder of the young Congolese refugee Moïse Mugenyi Kabagambe, and in the lack of responses from the Brazilian State. Justice and immediate reparation to immigrants, refugees and stateless persons in Brazil, migratory regularization now! According to the family and the defense, in addition to the violence that ended up with Moïse’s life, there was also an omission by the military police, the metropolitan civil guard and the Mobile Emergency Care Service (SAMU). Additionally, there were reports of negligence against the family of Moïse at the Legal Medical Institute (IML), including serious threats from state agents. Moïse’s death adds to other murders of immigrants motivated by ethnic-racial issues. Remember their names: João Manuel, Kerby Tingue, Fetiere Sterlin, Inolus Pierrelys, Fallow Ndack, Zulmira de Souza Borges, Toni Bernardo da Silva, and Brayan Yanarico Capcha. Besides these brutal cases that have gained prominence, oppressions experienced in the daily lives of these populations, especially by Black and ethnic migrants, is critical, as violations of rights in public services and in the work environment are recurring. The Brazilian State has been the main agent of human rights violations, with the intensification of illegal arrests, police violence, threats of deportation and expulsion, and extreme precariousness in working and housing conditions. Brazil – a signatory country of international conventions and governed by the

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11 fev Manifesto contra o racismo xenofóbico

Por justiça e imediata reparação a imigrantes, refugiados e apátridas no Brasil, regularização migratória já!  “Numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.” Angela Davis (filósofa estadunidense) As comunidades de imigrantes no Brasil e os movimentos negros em São Paulo vêm a público manifestar o repúdio contra o avanço da barbárie e do xenorracismo, expresso no assassinato do jovem congolês refugiado Moïse Mugenyi Kabagambe e na falta de respostas do Estado brasileiro. De acordo com a família e a defesa, além da violência que ceifou a vida de Moïse, também houve omissão da polícia militar, guarda civil metropolitana e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), bem como negligência com a família no Instituto Médico Legal (IML). Ainda mais grave, a família relata estar recebendo ameaças de agentes do Estado. A morte de Moïse se soma a outros assassinatos de imigrantes motivados por questões étnico-raciais, como João Manuel, Kerby Tingue, Fetiere Sterlin, Inolus Pierrelys, Fallow Ndack, Zulmira de Souza Borges, Toni Bernardo da Silva, Brayan Yanarico Capcha. Além desses casos brutais que ganharam destaque, a opressão no cotidiano da vida dessas populações, sobretudo da migração negra e racializada, é crítica, com recorrentes violações de direitos nos serviços públicos e no ambiente de trabalho. O Estado brasileiro tem sido o principal agente de violações aos direitos humanos, com a intensificação de prisões ilegais, violência policial, ameaças de deportação e expulsão, e precarização extrema nas condições de trabalho e moradia. O Brasil – país signatário de convenções internacionais e regido pela Lei de Migração (2017) e pelo

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25 out Fronteiras Cruzadas: Vídeo como dispositivo anti-xenoracismo

O Fórum Internacional Fronteiras Cruzadas discute a experiência do projeto Videolab_Conexões Migrantes junto à WITNESS de: Daniel Perseguim* | Hortense Mbuyi* | Karina Quintanilha* | Vensam Iala* A migração forçada é atualmente um dos principais fenômenos sociais da barbárie capitalista. Enquanto o número de solicitações de refúgio bate recordes anuais desde a virada do século, vemos intensificar os processos geopolíticos e tecnológicos do racismo de Estado por meio da criminalização da migração, das políticas de indocumentação, das restrições infralegais ao direito de refúgio e tantas outras formas de violência contra as “populações indesejáveis”, sobretudo corpos não brancos, negros, indígenas, latinos, asiáticos e periféricos, colocando novos desafios para visualizar um horizonte para além das opressões de classe, raça, gênero, etnia. Diante dessa conjuntura de crise, o Fórum Fronteiras Cruzadas tem buscado  trabalhar junto aos movimentos migrantes e afrodiaspóricos em São Paulo, propondo o audiovisual como dispositivo de conexão cultural e de defesa de direitos no contexto global de crescente racismo e xenofobia, ou do que pode ser chamado de xenoracismo (xeno-racism, em inglês) como sugeriu o pensador antirracista Ambalavaner Sivanandan. No contexto das lutas travadas por trabalhadores/as migrantes, o vídeo como dispositivo antirracista é sem dúvidas uma tendência, não apenas para visibilizar e denunciar as violências mas também para fazer uma disputa cognitiva — uma disputa não apenas de narrativas — sobre as fronteiras racializadas e sobre a condição mais precarizada e sem direitos desses grupos sociais. As disputas cognitivas entram em cena ao se notar que existe uma estética investigativa, onde o vídeo pode funcionar como documento e plataforma de

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direito de filmar

05 maio Witness e Defensoria Pública de SP lançam cartilha sobre o direito de filmar

Nesse mês, nós da Witness Brasil temos a alegria de compartilhar o resultado de um dos trabalhos que estamos desenvolvendo sobre o direito de filmar. Em parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, apresentamos uma cartilha online exclusiva sobre “Direito de Filmar Violações de Direitos Humanos”. Nela você encontra seus principais direitos ao filmar, algumas dicas para fazê-lo em segurança e também onde e como denunciar em caso de abuso de autoridade. ⠀ Acesse agora gratuitamente pelo link: http://bit.ly/Cartilha_DireitoDeFilmar   Defenda o #DireitoDeFilmar.   Para ter mais informações sobre como usar o video e a tecnologia na defesa dos direitos humanos acesse nossa seção do site “TUTORIAIS“.

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03 fev Fórum Fronteiras Cruzadas produz laboratório audiovisual African Immigrants Lives Matter em São Paulo

O Videolab_ConexõesMigrantes é uma parceria entre Fontie Forum e Witness Brasil e envolve atores da #CampanhaSomosJoãoManuel, produtores culturais periféricos, artistas e redes de migrantes com o objetivo de produzir memória sobre a vida e história do angolano João Manuel, na busca por sensibilizar a sociedade por justiça e reparação à família e outras vítimas de violência racista e xenófoba no Brasil. João Manuel foi um imigrante angolano que residia em Itaquera (SP) e trabalhava como frentista em um posto de gasolina. João tinha de 47 anos quando foi assassinado após uma discussão sobre o auxílio emergencial. Ele pagava seus impostos como todos os brasileiros e ainda mandava dinheiro para sua família em Angola. Estava lutando para reunir sua família aqui no Brasil, um sonho interrompido no dia 17/05/2020, quando foi atingido por quatro facadas no peito que o levaram a óbito poucos minutos após o ataque. João Manuel deixou a esposa e três filhos em total desamparo.   A #SomosJoaoMiguel é uma campanha de solidariedade às famílias imigrantes atingidas pela violência que tirou a vida de João Manuel e surge da iniciativa de brasileiros e imigrantes que contribuem com o movimento negro em diferentes estados do Brasil. Acompanhando e compartilhando #VideoLab – Conexões Migrantes, você apoia e amplifica as vozes que se mobilizam contra o racismo e a xenofobia. O VídeoLab aborda aspectos estruturais da condição de vida e trabalho no cotidiano de imigrantes na periferia de São Paulo, provoca reflexões sobre a produção da xenofobia, do racismo e da invisibilidade global. A proposta tem como fio condutor a valorização

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12 jan ‘Como um calo ou uma bomba-relógio?’ Reflexões sobre trauma, resistência e o trabalho com direitos humanos durante a pandemia

Por Maria Isabel Di Franco Quinonez, Eliza Hollingsworth, Lily Lucero, Sofia Jordan & Lili Spira  [Traduzido ao português pela Josefina Caro. Publicado originalmente aqui. Versão em espanhol aqui.] No auge da Primavera Chilena, a jornada de protestos que começou no Chile no fim de 2019, o advogado de direitos humanos Danny Rayman voltava para seu apartamento na Holanda sentindo-se angustiado e impotente depois de ter ido a um protesto na embaixada chilena. Longe da sua casa em Santiago, ele testemunhava –pelas redes sociais– a brutalidade da polícia contra os manifestantes que clamavam por uma vida digna na maior onda de revolta social no Chile desde a resistência à ditadura de Pinochet. Danny entrou em ação: criou um arquivo digital para preservar os conteúdos compartilhados no Twitter e Facebook. Seu objetivo era que esse material pudesse ser útil para os esforços futuros por justiça e reparações. Trabalhando colaborativamente com pesquisadores da Datos Protegidos, uma ONG de privacidade digital no Chile, Danny recebeu, verificou, classificou e arquivou centenas de videos da violência policial que acontecia diariamente no país.  A iniciativa foi chamada de Testigo en Línea (testemunha online). Todos os dias, o grupo trabalhava até as altas horas da madrugada, cuidadosamente revisando os conteúdos e assistindo a um fluxo incessante de imagens e vídeos, muitos com imagens fortes, das cenas de violência nas ruas do Chile. Foram seis meses totalmente dedicados a essa missão. Quando a pandemia chegou, a equipe do Testigo en Línea enfrentou uma situação ainda mais grave: a convergência do toque de recolher que foi imposto durante os protestos

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14 set Transformando participação em visibilidade nas transmissões ao vivo

Dando sequência ao nosso post com dicas para aumentar o envolvimento do público durante transmissões ao vivo, hoje vamos falar sobre como o engajamento dos participantes aumenta a visibilidade dos streamings. Você sabe como as interações no seu vídeo se relacionam com o algoritmo que determina para quem sua transmissão irá aparecer? Como usar tags para incentivar a tomada de ações entre seus seguidores? Neste post, vamos entender melhor questões como estas. Foi pensando nas diversas possibilidades que o mundo das transmissões ao vivo pode oferecer para os ativistas e comunicadores, que a Witness criou o projeto MobilizaJá (Mobil-Eyes-US). O objetivo é ajudar ativistas a engajar seus públicos de forma planejada, de modo que eles se tornem também parte ativa das transmissões, sejam mais úteis e co-presentes, quando necessário. Nós tivemos a chance de observar, testar e aprender junto a transmissões que monitoramos no âmbito deste projeto ao longo dos últimos três anos. Agora, nós estamos compartilhando alguns destes aprendizados.   Explique o “efeito em rede” O alcance de seus vídeos e transmissões aumenta em redes sociais a partir do total de engajamento gerado nos comentários e reações (link em inglês), tanto enquanto você transmite, como posteriormente, quando já encerrada. À medida que mais pessoas comentam, reagem, usam tags ou compartilham sua transmissão, mais pessoas ainda irão efetivamente ver sua transmissão em suas linhas do tempo.  Você pode explicar este “efeito em rede” para o seu público. Evite tratar as pessoas como consumidores. Tente não pedir a seus espectadores para “seguir, se inscrever e dar like” – assim como os

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10 mar [Santa Catarina] Vídeo de violência policial contra a mulher viraliza na internet

Mais uma vez o direito de filmar a violência da polícia foi violado diante da câmera de um celular. Dessa vez, policiais agrediram gravemente uma mulher e impediram que uma outra continuasse filmando uma abordagem violenta no município de Mafra, zona rural de Santa Catarina. No vídeo, policiais são vistos em um terreno privado discutindo com um grupo de mulheres, entre eles, uma senhora de 70 anos. Visivelmente alterados, um dos policiais alegando ter sido destacado, efetua uma detenção, e mesmo sem qualquer resistência, uma mulher é derrubada no chão com uma rasteira. Ela teve ferimentos no rosto e uma fratura na perna. Mais uma vez o direito de filmar foi violado diante da câmera de um celular. Dessa vez, policiais agrediram uma mulher e impediram que uma outra continuasse filmando uma abordagem violenta no município de Mafra, zona rural de Santa Catarina.https://t.co/CIUnhm3Dok — Witness Brasil (@WitnessBrasil) March 10, 2020   O caso aconteceu em 19 de fevereiro de 2020 e viralizou hoje nas redes sociais, dois dias depois do dia internacional da mulher em que milhares foram às ruas contra a violência e o patriarcado nos deparamos, mais uma vez com imagens que registram tamanha violência contra uma cidadã. “Não é surpresa que a Polícia fique nervosa quando vê alguém filmando. Eles entendem o poder dessas imagens e não querem que você, nem ninguém, as veja.”  disse Priscila Neri, diretora da witness Ao final do vídeo, podemos ver que quando o policial percebe a gravidade dos fatos que foram registrados, atenta contra a mulher que filmava com seu celular.

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22 fev Ativista transmite ao vivo a sua própria detenção – o que o vídeo nos ensina

Caso no Brasil é mais um exemplo de como o direito de filmar está sendo atacado por policiais violentas em todo o mundo Por Priscila Néri | Leia a cobertura do caso em Inglês aqui | Na noite de 19 de fevereiro, um aliado de longa data da WITNESS, Raull Santiago, foi detido junto com dois amigos enquanto transmitia ao vivo uma abordagem truculenta de policiais do batalhão de choque num viaduto escuro no Rio. Os policiais fizeram jus à sua  reputação e se comportaram exatamente como se esperaria de uma das forças policiais mais violentas e letais do mundo: ameaçaram, empurraram, vasculharam telefones celulares (ilegalmente), e, sem qualquer explicação, arbitrariamente detiveram  Raull por “desacato”. Ao ser  liberado algumas horas depois, Raull perguntou aos repórteres que cobriam o caso: “isso teria acontecido com três jovens de motocicleta em Ipanema, Copacabana ou Leblon?”. Os próprios repórteres estariam cobrindo o caso se Raull não fosse um ativista tão conhecido?  Você estaria lendo isso agora? Para os moradores das  favelas do Rio e de comunidades historicamente criminalizadas, o que aconteceu foi só  mais uma quinta-feira qualquer … ou segunda-feira … ou terça-feira …. Essas comunidades há muito denunciam os impactos brutais das operações policiais e a “guerra às drogas” em suas vidas diárias: escolas fechadas, buscas abusivas, ameaças verbais, agressões físicas, ordens arbitrárias, invasões de casas sem mandado, destruição de propriedade, tortura, desaparecimentos e mortes. E se isso tudo já era ruim durante os chamados governos “de esquerda”, que enviaram tanques militares para as favelas durante as Olimpíadas para os turistas se sentirem

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